quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pura vida suja



A rua é seu quarto
se brinquedo é lixo
escolhe com minúcia de gente grande
pedaços de jornal sujo
e tábuas entre pregos enferrujados
visiona uma sala de estar
arquitetada por esqueletos de quarda-chuva
e tiras de papelão úmido

Indiferente à lama e aos arranhados no joelho
mantém semelhanças de quem ainda é criança
decora naturalmente o lugar
dispersa colegas, que precoces
perderam a pureza de simplesmente brincar

A realidade para nós é dura
para um menino com poucos anos de idade
é apenas a pura realidade


sábado, 26 de junho de 2010

Entusiasmo imbecil



Roupa no varal sacode

nuvens crescem, folhas caem

batuta de vento ganha força

melodia toma forma

surge coreografia divina

regida por brisa precisa

a chuva desce


( A chuva vem, e muitas vezes desapercebida,
muitas vezes indesejada, afinal
é apenas outro processo natural da terra
além do que, temos de "tocar" nossas vidas,
pois não há tempo para detalhes
ou preciosismos que uma vez dentro do contexto massante da rotina
já não fazem sentido algum )